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          A farmacocinética diz respeito às fases que os parabenos estão sujeitos a partir do momento que entram no organismo até serem excretados. Deste processo fazem parte a absorção, distribuição, metabolismo e excreção, sendo que o composto vai sofrendo várias alterações que são determinantes para conseguir atingir um órgão-alvo e comportar-se como os estrogénios, apesar dos parabenos em comparação com estes apresentarem fraca atividade estrogénica.
          Como é de conhecimento geral os parabenos podem ser encontrados em diversos produtos, como alimentos e medicamentos, pelo que o estudo da absorção oral torna-se relevante na avaliação do risco. Após a realização de vários estudos in vivo, com recurso a diversos modelos animais, como ratos, coelhos e cães, chegou-se à conclusão que os parabenos são rapidamente absorvidos por via oral e esta absorção é quase completa, sendo que posteriormente são hidrolisados por esterases do fígado. Esta metabolização tem como resultado o ácido p-hidroxibenzoico como metabolito primário, sendo que vai originar outros metabolitos que podem ser conjugados com glicuronídeos (ver página do metabolismo). Os metabolitos resultantes são então excretados na urina meia hora após ingestão.

          Relativamente à absorção tópica, esta toma uma importância acrescida quando se pensa no facto de muitos dos produtos cosméticos possuírem parabenos na sua formulação. Mas neste caso o tipo de formulação, ou seja se é aquosa ou lipídica, vai influenciar a sua absorção através da pele. Verifica-se uma maior permeabilidade quando se está perante um produto com característica lipófilas, e por consequência há maior absorção dos parabenos aquando a aplicação deste tipo de produtos.

          Outra questão com que os investigadores se têm deparado, é o facto desta absorção também ser diferente de acordo com o tipo de parabenos em questão. Assim estudos in vitro, demonstraram que ocorria uma absorção crescente de etil-, propil- e butilparabeno comparativamente com o metilparabeno. É ainda importante realçar que poderá ocorrer absorção sistémica perante aplicação tópica deste tipo de produtos (Golden et al., 2005).

          A absorção tópica apresenta assim uma variabilidade muito grande, não só tendo em conta todos os pontos abordados anteriormente, mas também o facto das características da pele variarem de individuo para individuo. Ao nível da pele as carboxilases atuam primeiramente sobre os parabenos alterando a eficiência das esterases que podem não estar em níveis e atividade suficientes para prosseguir a sua metabolização, sendo que se estima que 923 μg/kg por dia de metilparabeno não hidrolisado pode provocar danos na pele. Para além disso, qualquer lesão que a pele apresente vai aumentar a permeabilidade a estes compostos, tendo assim influência na sua absorção.

          Face à excreção dos parabenos e seus metabolitos, é de notar que estes são eliminados na urina quase na sua totalidade. No entanto 2% ficam retidos em tecidos e 4% são excretados nas fezes. Estes são dados de um estudo realizado em ratos, colocando-se a questão se poderá ser transponível para o humano (BÅ‚Ä™dzka et al., 2014).

          Em 2008, estimativas do setor industrial sobre o uso diário de produtos cosméticos que podem conter parabenos foram de 17,76 g para adultos e 0.378 g para crianças (CIR, 2008). A partir dessa informação, assumindo que os parabenos são usados ​​na maior concentração admissível (0,8 %), a dose diária do total de parabenos cosméticos foi estimada em 142,08 mg e 3.024 mg, para adultos e lactentes, respetivamente (CIR,2008).

          Num estudo alternativo, foi estimado que a média de exposição diária total aos parabenos por pessoa igualou a 76 mg (1,26 mg/kg de peso corporal/dia), em que os cosméticos e produtos de higiene pessoal correspondem a 50 mg (0,833 mg/kg corporal/dia), os produtos farmacêuticos a 25 mg (0,417 mg/kg de peso corporal/dia) e os alimentos representam cerca de 1 mg (10-13 mg/kg de peso corporal/dia) (Soni et al., 2005).

          A utilização média diária de loção para o corpo e creme para o rosto, estimada por Loretz et al., 2005 num grupo de 360 mulheres, era igual a 10,75 g (valor médio: 9,16 g). Embora nem todos os produtos de higiene corporal contenham parabenos, deve ser mencionado que a estimativa não inclui produtos destinados a serem enxaguados.

          Recentemente, determinou-se a concentração de seis parabenos em diversos géneros alimentícios provenientes da China. A taxa de deteção foi muito elevada (99%) e a concentração do total de parabenos foi cerca de 2530 ng/g de peso fresco (média: 39,3ng/g). No entanto, em comparação com a exposição aos produtos de higiene pessoal, o valor da ingestão diária estimada de parabenos em alimentos foi baixa, cerca de 1 mg/kg de peso corporal/dia (média) e 3 mg/kg de peso corporal/dia (Liao et al., 2013).

 

 

 

 

FARMACOCINÉTICA


 
  • Golden, R., Gandy, J., and Vollmer, G. (2005). A Review of the Endocrine Activity of Parabens and Implications for Potential Risks to Human Health. Crit. Rev. Toxicol. 35, 435–458.

  • BÅ‚Ä™dzka, D., GromadziÅ„ska, J., and WÄ…sowicz, W. (2014). Parabens. From environmental studies to human health. Environ. Int. 67, 27–42.

  • CIR Cosmetic Ingredient Review Expert Panel. (2008). Final Amended Report on the Safety Assessment of Methylparaben, Ethylparaben, Propylparaben, Isopropylparaben, Butylparaben, Isobutylparaben, and Benzylparaben as used in Cosmetic Products. Int. J. Toxicol. 27, 1–82.

  • Soni, M.G., Carabin, I.G., and Burdock, G.A. (2005). Safety assessment of esters of p-hydroxybenzoic acid (parabens). Food Chem. Toxicol. 43, 985–1015.

  • Loretz, L.J., Api, A.M., Barraj, L.M., Burdick, J., Dressler, W.E., Gettings, S.D., Han Hsu, H., Pan, Y.H.L., Re, T.A., Renskers, K.J., et al. (2005). Exposure data for cosmetic products: lipstick, body lotion, and face cream. Food Chem. Toxicol. 43, 279–291.

  • Liao, C., Chen, L., and Kannan, K. (2013). Occurrence of parabens in foodstuffs from China and its implications for human dietary exposure. Environ. Int. 57-58, 68–74.

 

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