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          Durante muito tempo, os parabenos foram considerados inofensivos e, por conseguinte têm sido largamente utilizados como conservantes, principalmente em produtos de higiene pessoal. Estima-se que em 1984 existiam 13 200 formulações com parabenos na sua constituição, sendo que o metilparabeno e o propilparabeno são os mais comuns. Ao longo das duas últimas décadas, uma discussão viva sobre a sua segurança está em curso. Pelo que as empresas têm optado por não introduzir os parabenos nas suas formulações, chegando mesmo a usar este propósito como slogan atrativo nos seus rótulos (Tavares et al., 2009).

 

         A principal preocupação remete para o seu potencial em inibir o sistema endócrino. Os efeitos na desregulação endócrina incluem alterações na ação hormonal, bem como  modificações na síntese, metabolismo e transporte de hormonas.

          Embora, inicialmente se acreditasse que estes compostos atuavam pela ligação competitiva ao núcleo dos recetores (estrogénio, androgénio, tiroide, progesterona e retinoide) como agonistas ou antagonistas, é agora conhecido que o mecanismo envolvido é consideravelmente mais complexo. Inclui também a influência na produção e degradação de esteroides endógenos e na síntese do recetor.

 

          O sistema reprodutivo é vulnerável e, portanto, é altamente afetado por compostos que interferem com o sistema endócrino. Além disso, estes podem também influenciar vários tecidos sensíveis aos esteroides, perturbando assim o funcionamento do sistema nervoso central, do sistema imunitário, da homeostase de lípidos, dos níveis de glicose, da função da tiroide e  agem ainda como moduladores epigenéticos causando efeitos transgeracionais.

         

 

 


 

Dúvidas e controvérsias

 

 


 

COMUNICAÇÃO DE RISCO


 

Figura 1 - Fontes e vias de exposição humana e o destino dos parabenos no meio ambiente (pc-peso corporal; ps-peso seco; pf-peso fresco)(adaptado de Błędzka et al., 2014).

 

 

 

 

 


 

          Estudos referentes a grávidas reportam o uso continuado de parabenos como comportamento de risco, uma vez que há efetivamente passagem para o feto através da placenta, assim como a eliminação dos mesmos no leite durante a amamentação. No entanto ainda não se sabe a dimensão das possíveis consequências para o feto (Błędzka et al., 2014).

 


 

          Uma explicação ainda inexplorada, mas plausível sobre qual a causa do cancro da mama é o uso de cosméticos nas axilas. Estes produtos químicos são aplicados repetidamente e com frequência, numa área diretamente adjacente à área da mama, não sendo enxaguados e sempre deixados sobre a pele.

          Os cosméticos são usados ​​por mulheres com maior frequência e por jovens cada vez mais antes da puberdade. São também usados por homens em quantidades crescentes. O aumento progressivo da utilização destes cosméticos no mundo ocidental nos últimos 100 anos é refletida nos dados observados nos EUA. As vendas em 1914 atingiram níveis suficientes para apoiar a publicidade nacional, e passaram a representar um valor de 30 milhões de dólares dos negócios dos EUA em 1947, 300 milhões em 1970 e mais de 1 bilhão em 1983. Embora esses cosméticos são vendidos sem restrições, não há indicações nas embalagens sobre o nível de segurança para o uso prolongado por crianças antes da puberdade (Darbre, 2003).

 


 

Opções aos parabenos

 

          As várias propriedades que predispõem o uso dos parabenos como conservantes têm contribuído consideravelmente para a sua popularidade. A combinação destas propriedades torna relativamente difícil encontrar um conservante, que seja um substituto satisfatório dos parabenos (Błędzka et al., 2014).

          Ainda assim, hoje em dia consegue-se encontrar uma vasta gama de conservantes que podem ser usados, em substituição dos parabenos, nos diversos produtos (Brandin et al., 2007).

 

 


 

Figura 2 - Conservantes que podem ser usados em detrimento dos parabenos (Brandin et al., 2007).


 

Figura 3 - Publicidade depreciativa aos parabenos.


 
  • Błędzka, D., Gromadzińska, J., and Wąsowicz, W. (2014). Parabens. From environmental studies to human health. Environ. Int. 67, 27–42.

  • Tavares, R.S., Martins, F.C., Oliveira, P.J., Ramalho-Santos, J., and Peixoto, F.P. (2009). Parabens in male infertility—Is there a mitochondrial connection? Reprod. Toxicol. 27, 1–7.

  • [1] - Darbre, P.D. (2003). Underarm cosmetics and breast cancer. J. Appl. Toxicol. JAT 23, 89–95.

  • Brandin, H., Myrberg, O., Rundlöf, T., Arvidsson, A.-K., and Brenning, G. (2007). Adverse effects by artificial grapefruit seed extract products in patients on warfarin therapy. Eur. J. Clin. Pharmacol. 63, 565–570.

  • [2] - Rageth, C.J. (2005). One step forward in proving, that underarm cosmetics do not cause breast cancer. The Breast 14, 85–86.

 

 

 


 
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